Análise: UFC Brunson x Till

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Imagem: Jeff Bottari/Zuffa LLC.

Assim como no peso meio-médio, Till permanece uma promessa nos 84 quilos, mas outros talentos britânicos dão show

Darren Till e Derek Brunson capitanearam o UFC Fight Night deste sábado. Além deles, os ingleses Tom Aspinall e Paddy Pimblett também se destacaram com suas vitórias por nocaute. A performance de Till jogou um balde de água fria nos britânicos que esperavam que o ex-médio-médio disputasse o cinturão da categoria de cima, mas esses outros atletas podem cumprir a esperança por ouro inglês no longo prazo.

Derek Brunson honra a faixa preta dada por Renzo Gracie

Till começou bem em pé, conectando bons socos retos. Assim, Brunson buscou o caminho de menor resistência, derrubou o inglês com um double leg e amassou ele com socos e cotoveladas na meia guarda. Till conseguiu se levantar faltando um minuto e meio para o fim do round, mas ficou com o olho direito quase fechado pelo castigo no chão. Durante o restante do período, o inglês não acertou nada significativo e o americano se contentou em recuperar o fôlego.

No segundo assalto, Brunson não estava totalmente recuperado e levou a pior em pé. Além disso, ele não conseguiu derrubar mais no meio do octógono, e pressionou o britânico até a grande. Para então, fechar a pegada atrás do quadril de Till e aplicar a queda. Brunson acertou bons golpes por cima novamente, ainda que não tão devastadores quanto os do início do combate.

No terceiro período, pareceu que o americano estava perdendo o ritmo da luta, e Till machucou ele com alguns diretos e chutes na perna. Além disso, o britânico conseguiu defender duas entradas de queda profundas e acertou dois diretos em sequência que deixaram Brunson com as pernas bambas. Ainda assim, o wrestler veterano mergulhou nas pernas do inglês outra vez e pressionou ele até atingir a grade. Então, novamente o americano fechou as mãos sob as pernas do oponente.

Till comete erro rude

Nessa situação, é muito difícil interromper a queda, e mesmo Till estando mais consciente, ele caiu. O britânico conseguiu raspar usando a guarda borboleta, mas Brunson espertamente se apoiou na grade, retornou para cima do rival e montou. A partir daí, ele começou a descer socos contra Till, que se desesperou e deu as costas. Então, o americano, que é faixa preta do lendário Renzo Gracie, rapidamente colocou os ganhos, pressionando Till contra o chão e finalizou com um mata-leão.

Brunson coloca os ganchos momentos antes de encerrar a luta. (Imagem: Jeff Bottari/Zuffa LLC)

“O Cannonier não está completamente descartado, mas eu quero lutar contra os caras mais duros na divisão. Pedi para lutar contra Paulo Borrachinha, mas ele não assinou o contrato, e se eu tivesse pego essa luta, certamente seria o próximo a disputar o cinturão. Então, prefiro esperar para ser o próximo contra o Adesanya” Derek Brunson

Divisor de águas para Till

O resultado marca a segunda derrota consecutiva na divisão até 84 quilos para Till, e mostra que o inglês tem uma grande dificuldade no solo e no wrestling defensivo. Essas áreas dificilmente serão melhoradas se Till permanecer treinando na Grã Bretanha, que tem poucos wrestlers de alto nível.

Assim, seria interessante se ele fosse para uma academia com pedigree no jogo de quedas nos Estados Unidos, ou pelo trouxesse atletas com essa habilidade para treinar com ele em Liverpool. Um bom oponente para o britânico se recuperar da má fase seria o também ex-meio-médio Sean Strickland, que tem algumas brechas flagrantes na luta em pé e que Till poderia explorar.

Rumo ao topo

O estrangulamento do inglês é a primeira finalização de Brunson desde 2013 e com ela, o americano acumula cinco triunfos consecutivos. Antes dessa sequência, o veterano tinha sido nocauteado pelo atual campeão da categoria, Israel Adesanya, que foi desafiado por Brunson na entrevista pós-luta. Apesar disso, essa luta dificilmente acontecerá agora, porque Adesanya fará uma revanche contra o antigo rei dos médios, Robert Whittaker, e esse duelo só deve acontecer no ano que vem.

O próprio Brunson sabe disso, e ele disse que considera enfrentar o 3º na lista da categoria, Jared Cannonier, que venceu Kelvin Gastelum em agosto. “O Cannonier não está completamente descartado, mas eu quero lutar contra os caras mais duros na divisão. Pedi para lutar contra Paulo Borrachinha, mas ele não assinou o contrato, e se eu tivesse pego essa luta, certamente seria o próximo a disputar o cinturão. Então, prefiro esperar para ser o próximo contra o Adesanya”, disse.

O duelo contra Paulo Borrachinha seria interressante, e Brunson frequentemente provoca o brasileiro. Ainda assim, Cannonier está mais ativo e seria mais fácil de vencer, considerando que Borrachinha tem um jiu jitsu de alto nível, e uma defesa de quedas tão boa ou melhor que a do terceiro colocado.

Tom Aspinall se mantém invicto no UFC

Aspinall pressiona o moldavo. (Imagem: Jeff Bottari/Zuffa LLC)

Os pesos pesados, Tom Aspinall e Sergey Spivak fizeram o combate co-pincipal, e como era indicado pelas bolsas de apostas, o inglês venceu. Mas, além disso, ele recebeu o bônus de performance no valor de 50 mil dólares, o que não poderia ser mais justo.  Aspinall dominou completamente o combate e não recebeu nenhum golpe sequer.

O britânico acertou bons socos na longa distância e quando Spivak clinchou para tentar derrubar, ele recebeu uma joelhada no corpo e uma cotovelada que o derrubou. No chão, o moldavo foi bombardeado com socos até o árbitro interromper. Como Aspinall disse na coletiva de imprensa após o evento, o golpe não foi tão forte, mas o diferencial foi a joelhada, que tirou a atenção de Spivak dos golpes em cima, e a velocidade do cotovelo.

Darren Till, que é companheiro de treino do peso pesado e está três categorias abaixo dele, disse que é difícil competir com Aspinall mesmo no quesito velocidade. Com o triunfo, o britânico se mantém invicto em quatro duelos dentro do ultimate. Para a próxima luta, ele pediu para enfrentar o especialista em sambo, Blagoy Ivanov.

Aspinall venceu todos os combates profissionais por nocaute ou finalização, mas o búlgaro nunca foi nocauteado e ele é muito bom na luta agarrada. Assim, esse pode ser o combate mais duro para o inglês até agora.

Paddy Pimblett: falou, falou, e cumpriu

Pimblett acerta o cruzado de direita nocauteador. (Imagem: Jeff Bottari/Zuffa LLC)

Paddy Pimblett e Luigi Vendramini abriram o card principal do espetáculo com o pé na porta. Aliás, o britânico acertou vários chutes na cabeça do brasileiro, mas o que selou a vitória do europeu foram os punhos.

Os lutadores trocaram bons chutes no começo da peleja, mas Pimblett estava muito agressivo. Assim, quando ele avançou com um direto, Vendramini esquivou e contragolpeou com um cruzado de esquerda no queixo, para depois derrubar com uma entrada nas pernas. Mas, o inglês conseguiu se levantar.

Os dois continuaram acertando pernadas e o brasileiro manteve a vantagem com as mãos, mas no fim do primeiro assalto, Pimblett acertou uma combinação de upper e cruzado que balançou o brasileiro. Assim, o britânico partiu para fechar a conta e descarregou uma sequência de cruzados, que deixaram Vendramini desacordado na lona.

Para o brasileiro, a situação com o ultimate se complica: ele está com três derrotas e apenas uma vitória na organização. Dessa forma, não seria inesperado se a companhia demitisse Vendramini. Pimblett, por outro lado, cumpriu com a sua previsão de luta: ele nocauteou e faturou o prêmio de performance.

Essa foi a estreia do britânico no UFC. Pimblett é um provocador nato, e com os grandes nomes da Grã Bretanha como Conor Mcgregor e Darren Till em má fase, ele pode ser favorecido pela empresa com boas lutas e visibilidade para suprir a demanda por atletas britânicos.

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